«A luta não pode,<br>nem vai parar!»
«Com a luta dos trabalhadores e do povo. Por uma política patriótica e de esquerda» foi o lema do comício que, no domingo, o Partido realizou no Pavilhão Polivalente de Odivelas. Jerónimo de Sousa, na sua intervenção, apelou a todos os que não se conformam com o rumo de desastre imposto pelo Governo, com a política do pacto de agressão assinado por PS, PSD e CDS com a troika estrangeira, para que se juntem à luta, a começar já no próximo sábado, nos protestos convocados pela CGTP-IN em Lisboa e no Porto.
«Luta que conta com o empenhamento e o apoio dos comunistas portugueses»
Passados pouco mais de 15 dias, o espaço que acolheu um grandioso comício no penúltimo dia de campanha eleitoral voltou a encher, com as cores das bandeiras da CDU a dar lugar ao vermelho rubro do Partido.
Agora, mais fortes no Poder Local, com um resultado eleitoral que é expressão da vitória da confiança e da esperança sobre o descrédito e o conformismo, o tempo é de luta. «PS e PSD querem-nos roubar a água para a entregar aos privados», lia-se num cartaz, ladeado por um outro onde se dá conta da realização, no dia 10 de Novembro, do comício comemorativo do centenário de Álvaro Cunhal.
Antes das intervenções teve lugar um agradável espectáculo musical, proporcionado por Paulo Jorge, que interpretou temas de vários géneros, por todos conhecidos, como «Casa da Mariquinhas», «Desfolhada», de Ary dos Santos, ou «Somos livres», uma das melodias que marcou a Revolução de Abril.
Depois de Fernanda Mateus (ver caixa), da Comissão Política do Comité Central do PCP, mas também eleita vereadora para a Câmara de Odivelas, Jerónimo de Sousa – depois de valorizar a «expressiva vitória da CDU» nas últimas eleições autárquicas – salientou que «a luta não pode, nem vai parar», porque «a este Governo, a esta política e a este pacto de agressão, que arruínam o País e levam ao empobrecimento dos portugueses, não se pode dar tréguas».
«Hoje, mais do que nunca, é decisiva a luta dos trabalhadores e do povo na defesa dos seus direitos e rendimentos. Uma luta que conta com o empenhamento e o apoio dos comunistas portugueses», afirmou.
Intensificar a luta
Nesse sentido, precisou o Secretário-geral do PCP, «é necessário intensificar todas as lutas», como as que travam os trabalhadores dos transportes, os enfermeiros, os trabalhadores da Administração Pública, e, desde já, «fazer da grande acção nacional convocada pela CGTP-IN para o próximo sábado – a Marcha por Abril, contra a exploração e o empobrecimento».
«A todos os trabalhadores e reformados roubados nos seus salários, nas suas reformas e direitos, ao povo português amarrado a um futuro de empobrecimento, às forças e organizações sociais que resistem em defesa dos que representam, a todas as camadas da população que são condenados por esta política, aos jovens cuja única perspectiva de futuro é deixar o seu País, ou ter um vínculo precário, a todos os patriotas que não aceitam ver o País transformado num protectorado, o PCP apela: façam ouvir a vossa voz, ergam o vosso protesto contra a exploração, o empobrecimento e as injustiças», instou Jerónimo de Sousa.
«Será com a luta de todos que se acabará por impor a demissão do Governo e a afirmação dos interesses dos trabalhadores e do povo português!», concluiu.
Partido de luta e de proposta
«Nós damos um valor estratégico à luta. Mas somos também um Partido de proposta», acentuou Jerónimo de Sousa, afirmando a necessidade de não aceitar o «pacto de agressão» e a «dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento, rejeitando a sua parte ilegítima, com a assunção imediata de uma moratória negociada ou unilateral e com redução do serviço da dívida para um nível compatível com o crescimento económico e a melhoria das condições de vida».
O Secretário-geral do PCP defendeu, de igual forma, o «aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos indispensáveis ao apoio à economia, o aumento do investimento público e o fomento da procura interna», a «valorização efectiva dos salários e pensões e o explícito compromissos de reposição de salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações» e a «opção por uma política orçamental de combate ao despesismo, à despesa sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas, garantindo as verbas necessárias ao funcionamento eficaz do Estado e do investimento público».
O Partido propõe ainda «uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular nas funções sociais do Estado (como a Saúde, Educação e Segurança Social), reforçando os seus meios humanos e materiais, como elemento essencial à concretização dos direitos do povo e ao desenvolvimento do País» e a «assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais nas relações com a União Europeia, diversificando as relações económicas e financeiras e adoptando as medidas que preparem o País face a uma saída do Euro, seja por decisão do povo português, seja por desenvolvimento da crise da União Europeia».
Fernanda Mateus valoriza «reforço» da CDU
Programa eleitoral será guia de acção
Fernanda Mateus abordou, por seu lado, os resultados eleitorais alcançados nas últimas eleições e deu conta de que no concelho a CDU obteve «um importante reforço», tendo passado de terceira para a segunda força mais votada para a Assembleia Municipal (24,13 por cento – nove mandatos directos), para a Câmara Municipal (21,25 por cento – três vereadores) e para as assembleias de freguesia de Odivelas (22,07 por cento – 5 eleitos), Pontinha/Famões (22,26 por cento – cinco eleitos), Póvoa de Santo Adrião/Olival Basto (20,44 por cento – 3 eleitos). Nas freguesias da Ramada/Caneças a Coligação reforçou a sua maioria com 42,05 por cento (9 eleitos).
«Os resultados eleitorais do PS e do PSD mostram uma forte penalização da população à gestão municipal que estes dois partidos realizaram em conjunto na Câmara de Odivelas», afirmou Fernanda Mateus.
Assumir responsabilidades
Sobre o mandato que agora se inicia, referiu que os vereadores e o conjunto dos eleitos da CDU na Assembleia Municipal e nas freguesia «assumirão nestes órgãos o regular funcionamento dos mesmos» e não farão «oposição por oposição», estando disponíveis «para assumir responsabilidades».
«Para nós, a assumpção de responsabilidades não significa “passar cheques em branco”, sem que sejam verificadas as condições para a realização dessas responsabilidades, e sem pôr em causa a total independência de análise e de posição da CDU relativamente a instrumentos estratégicos que determinarão os destinos das freguesias e do concelho», anunciou, assumindo como prioridades, para os próximos quatro anos, a luta «em defesa da água pública, contra a privatização da água e dos resíduos sólidos urbanos» e «para pôr fim à degradação do espaço urbano, designadamente a degradação das zonas verdes ou falta delas, pela limpeza das ruas, das linhas de água e dos rios, que se faz sentir em freguesias como Odivelas e Pontinha».
A CDU promete ainda, entre outras medidas, denunciar «as marcas de desigualdade e de pobreza em importantes segmentos da população».